Surfe deluxe

As imagens do diário: Maldivas

31.5.08







Acima, as imagens que acompanham as palavras do surfista amador e administrador Ratto. As fotos foram feitas pelo próprio autor do diário e pelo empresário Rodrigo de Lamare, amigo e viajante freqüente em surftrips. As legendas, de cima para baixo:
1) O deque mais cobiçado do mundo, de frente para Pasta Point
2) Fim de tarde entre amigos no paraíso, depois de um longo dia de surfe
3) Ratto na Blue Lagoon, uma bela alternativa para depois das ondas
4) Ratto de boné em Pasta
5) Rodrigo de Lamare no mesmo pico, em bela cavada

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Diário de um amador: Maldivas

30.5.08

O amigo Alexandre Ratto, surfista, tricolor e administrador, é o titular da vez no "diário de um amador". Dias atrás, ele voltou de uma daquelas surftrips de sonho, que até a mulher gosta. Foi para Maldivas pela segunda vez, com a esposa e os amigos. Confira abaixo o relato completo do Ratto e das tocas azuis daquele arquipélago.

Em 2006, eu já havia estado nas Maldivas. Naquele ano, ficamos apenas quatro dias no Dhonveli - resort onde está localizada a famosa esquerda de Pasta Point - porque o destino principal era o atol mais ao Sul das Ilhas Maldivas, onde fizemos uma boat trip de sonhos por ondas totalmente inabitadas. As Mentawais de lá! Durante 10 dias de barco, em 5 tipos de onda diferentes, cruzamos com apenas um barco... Mesmo assim, ficou a sensação de que não tínhamos curtido ao extremo, o resort e a perfeita esquerda do Pasta.

Como a onda é muito procurada, e o resort possui apenas 30 vagas para surfistas, as reservas têm de ser feitas com bastante antecedência. Coisa de um ano antes. Dito e feito. Para chegar lá, são pelo menos três vôos. O vôo foi Rio-Paris-Doha-Male, tudo pela Qatar (nota do blog: a companhia é surf friendly, não cobra taxa de prancha).

Maldivas é um país insular muçulmano. O ponto mais alto fica a apenas 3 metros do nível do mar. Reza a lenda que por isso algum dia pode desaparecer, portanto é bom curtir enquanto é tempo. São 26 atóis e cerca de 1.190 ilhas - sendo que 200 inabitadas e 90 prestes a ganhar resorts. A população é de 280.000 pessoas, das quais 80.000 vivem em Male, capital. A língua é Dhivehi, sendo que as ilhas mais ao Sul possuem seus próprios dialetos. A temperatura fica constantemente entre 26 e 30 graus Celcius. Tem muito europeu por lá, especialmente italiano. Daí o nome do pico, Pasta Point. Os melhores períodos para o surfe são entre março e maio ou entre julho e setembro.

No aeroporto de Male, é fundamental apresentar o certificado de vacinação contra febre amarela. Ao sair, do outro lado da rua, uma comitiva do Dhonveli já está à espera para levar os hóspedes ao resort. São cerca de 20 minutos de speed boat até lá. No hotel, o hóspede é direcionado a uma das 4 modalidades de acomodação do resort Chaaya Island Dhonveli: Water Bangaloos, Garden Bangaloos, Superior Rooms e Beach Bangaloos. Neste momento, você é identificado como surfista ou não surfista. Caso você não tenha feito a opção para surfe, o máximo que poderá fazer é observar a bancada quebrando.

Nós fomos recebidos pelos guias de surfe Janick, Dhara e Mike (da Atol Adventures), que nas horas vagas ainda fazem fotos de todos pegando altas ondas. São eles que ajudam a identificar as maré e as correntes, que nas Maldivas ajudam ou atrapalham o posicionamento no pico. A Atol Adventures é a empresa que controla o acesso de surfistas ao Pasta Point. É através dela que se deve fazer a reserva para surfistas.

Quando chegamos, o mar estava pequeno há quase 10 dias, mas a previsão era de swell no dia seguinte. Mas no final de tarde em que chegamos já deu um surfe de gala, com mar glass e ondas de um metrinho. Infelizmente não tivemos condições físicas de cair. No dia seguinte, às 5 da matina, e nós ainda no fuso, ouvimos o toque para a primeira barca. Barca? Sim! Além da esquerda privativa do Pasta Point, o resort disponibiliza dhonis (pequenos barcos) para levar os surfistas a outras ondas no entorno, como Sultans (direita em frente ao Pasta), Jailbreaks (direita), Honkeys (esquerda), Cokes, Chickens, etc. Nessas ondas, o crowd é grande, em função dos surfaris que rolam em North Male Atols. Mesmo assim, tem onda pra todo mundo!

Nosso primeiro surfe foi em Jails, que possui esse nome porque a onda fica de frente para um presídio desativado. Meio metro com vento não era o que esperávamos, mas deu pra dar o primeiro banho.

Fora o surfe, o resort tem várias outras atrações, como a Blue Lagoon, uma praia sem ondas que parece um cartão postal. Nela há uma bancada de coral onde é possível fazer snorkling ou mesmo mergulho de garrafa. O Dive Centre disponibiliza aulas para iniciantes e mergulhos profundos para os mais experientes. Há o Spa, em que você pode escolher entre várias modalidades de massagens. Ainda tem uma piscina muito bonita, quadra de tenis, sala de ginástica, 3 restaurantes, 2 deques de frente para o mar...

Mas, para a galera do surfe, o que vale é estar dentro d'água ou, no máximo, de frente para as ondas. Por isso, os caras construíram um super deque de frente para a onda, com serviço de bar, música ao vivo, wireless para intenet, tudo para ficar em sintonia com o mar.

Tirando o surfe em Jails, só voltamos um dia para Sultans, que inexplicavelmente não tinha a presença de nenhum surfari. Pegamos altas sem crowd. Uma onda tão longa quanto a de Pasta Point, mas para a direita! Fora isso, nos concentramos no Pasta Point.

A onda de Pasta é uma esquerda perfeita, que quebra sobre uma bancada de coral rasa, mas não tão afiada. A grande vantagem é que ela é privativa, e nunca os 30 surfistas surfam ao mesmo tempo. É normal cair com mais 4 ou 5 pessoas. Durante a viagem, em algumas ocasiões estive sozinho no line-up. Aquilo é uma máquina de ondas. A segunda sessão e o inside são as que propiciam os tubos. Não são tubos longos, mas que fazem bem à cabeça. Para quem quer afiar as manobras, a onda do Pasta é um sonho! Você vai cansar de dar batidas, snaps, cutbacks numa onda que nunca fecha.

Nesta temporada, pegamos entre meio metrão e 1,5 metro em média. Mas no índico é comum, num mar de 1 metro, quebrar uma série inesperdada de 6 pés. Isso acontece pelo intervalo grande entre as ondas. Também é comum observar cardumes de golfinhos e black tips (tubarões), mas nunca houve nas Maldivas.

Como os preços da viagem não são baratos, a idade média dos surfistas é mais avançada... É comum encontrar americanos, havaianos, australianos, ingleses, alemães e também brasileiros na faixa dos 35 anos. Não é raro ver surfistas de 45, 50 e até de 60 anos. Tinha um australiano de 62 anos mandando ver. O cara dava, mole, cinco caídas por dia no mar.

Nós também ficamos na água. Demos diversas caídas de mais de três horas de duração, e não foram poucas as vezes que apelei para massagens para dores musculares nos braços e nas costas. Durante os 10 dias de estada, rolaram altas ondas, sem nenhum dia flat. Dei uma média de 3 caídas por dia, o que somam cerca de 30 sessões de surfe, com cerca de 20 ondas em cada. Faz as contas aí para ver se deu faz a cabeça! Depois de 2 temporadas nas Maldivas, o que posso dizer é que se você é surfista e nunca foi lá, reserve dinheiro e data para uma surftrip futura.

Pasta Point é um pico para se surfar até o fim da vida, de preferência levando a família junto. Neste ano, minha esposa foi e disse que nunca viu um local tão bonito na vida. Brincávamos dizendo que se formos para o paraíso e se for igual às Maldivas, tá tudo ótimo!

Na próxima, vou levar meu filhote. Valeu galera. Boas ondas! Ratto.

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Teco conta as boas do WCT Brasil

26.5.08

Teco Padaratz veio passear no Rio e voltou para Floripa com mais um título na mala, o do Mitsubishi Fish Classic, dividido com o advogado-surfista Serginho Chermont. Na beira d´água, depois de fazer 18 pontos em 20 possíveis na final e urrando a cada onda boa do parceiro que competia na água, ele antecipou boas novas para o WCT do Brasil.

A primeira boa é que, ano que vem, o evento voltará a ser móvel em duas cidades: Imbituba e Floripa. Teco disse que só não faz isso este ano porque as obras de duplicação da BR-101, que liga as duas cidades, ainda não estarão prontas. Este ano, o evento será móvel dentro de Imbituba. Pode acontecer na Vila ou em qualquer outro bom pico dos arredores.

A outra é que a fortíssima RBS Eventos assumiu a parte comercial da etapa. A novidade facilita a chegada de novos patrocinadores, além de abrir o canal da mídia local definitivamente para a prova. A Rede RBS é dona dos principais veículos de mídia da região. Teco disse ainda que está perto de fechar com um parceiro que vai viabilizar a realização de um show com atrações de peso durante a etapa. Não tem nada certo, mas entre as possíveis atrações estariam Jack Johnson e Ben Harper.

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A primeira prancha do Tulio

23.5.08


Em 1983, eu tinha dez anos. Era um tipo tímido, franzino, ombros curvados para dentro, que de forte ostentava apenas as pernas, herança genética somada à infância gasta no futebol de salão do Flamengo. Nas férias de verão, minha família se despencava para Cabo Frio, onde Vô Átila e Vó Maria tinham casa. Eu mal ia à praia.

A casa ficava no bairro de São Cristóvão, perto de uma pequena favela. Foi na parte pobre da vizinhança que eu aprendi a soltar pipa, a passar cerol, a correr do carro da polícia sem saber o motivo. Foi lá que eu me tornei um grande amigo dos irmãos Oziel e Oséias.

Oséias era o mais velho. Um bom atacante nas peladas do terreno baldio ao lado lá de casa, mas entrou para o crime muito cedo. Ficou conhecido como o assaltante "di menor". Seu nome vivia nas páginas de polícia dos jornais locais. Era procurado pela polícia. Lembro da imagem do quarto dele apinhado de aparelhos de som, de roupas e tralhas que contrastavam com a parede descascando, com a pobreza. Por vaidade, pichou seu apelido no muro do barraco. Foi encontrado em casa por seus algozes, e morreu assassinado. Meses antes, ainda almoçava com a minha família. Lá de casa, jamais levou nada. Pelo contrário, só deixava alegria.

Oziel tinha a minha idade. Depois da morte de Oséias, ficou ainda mais próximo da minha família. Vivia descalço, sem camisa e com uma bermuda velha, mas não passava aperto. Quando queria uma água de coco, escalava os antigos coqueiros gigantes do Coqueiral. Retirava a casca dura com os dentes. Disputava com os passarinhos as amendoeiras de rua. Era um mestre na pipa. No mar, mostrava vontade, mas esbarrava na natação débil.

Certo dia, no verão de 83, Oziel apareceu lá em casa com uma prancha velha, meio tosca, toda lascada. Disse que tinha achado na rua. Meus esportes eram o futebol e a bicicleta, mas a idéia de ficar em pé no mar já me atraía. Ele queria vender a bóia, paguei com uma nota de um cruzeiro. Dei a grana na hora, com o que eu tinha pro lanche. Era uma fish, swallow, duas quilhas de madeira (pouco comuns na época), com um desenho que mais tarde descobri ser réplica do modelo do Larry Bertlemann - o símbolo da Pepsi em pé.

Corri para a Praia do Forte e, na primeira onda, fiquei em pé. Um sonho. E um ponto de mutação. Aquele momento influenciou para sempre a minha vida. Boa parte do que sou e do que faço - inclusive o blog que você lê agora - está definitivamente ligada à experiência vivida no primeiro dia com a minha primeira prancha.

Dia desses, na cantina do Globo, a prancha de 83 voltou num papo com o subeditor de Arte Fernando Alvarus, grande amigo que surfa há muito tempo mais tempo que eu. Falei da minha "Larry Betlemann" porque vou competir neste fim de semana no Mitsubishi Fish Classic, um evento de pranchas fish promovido pelo Carlos Burle e pela Vizoo. Contei ao Alvarus que só surfei com esse modelo há 25 anos, quando tive minha única bóia rabo de peixe.

Pois ele me contou que também foi dono de uma réplica do Larry Berttlemann nos idos de 83. Era uma prancha comum na época, todo mundo queria fazer aquele desenho. A dele foi feita em casa, a partir de um bloco de longboard detonado. Típica história de um cara que, mais tarde, foi parar num departamento de arte. O outline foi feito no olho, em folhas de jornal emendadas com cola, a partir das fotos da prancha do havaiano. A laminação foi feita na casa de um amigo do Arpoador, chamado Márcio Esquisito. Uma placa de compensado achada na rua serviu de matéria prima para as quilhas. Alvarus lembrou do primeiro dia que caiu com ela, quando deu um cutback redondo e, no caminho, descobriu que tinha rabeado o Esquisito. O bico do amigo abriu o primeiro de uma série de rombos espalhados pela prancha.

Meu camarada contou ainda que, meses depois da estréia, levou a bóia para uma viagem à Região dos Lagos com amigos. Em algum lugar entre Cabo Frio e Búzios, naquele verão de 83, todas as pranchas voaram do rack. Ninguém percebeu.

Sorte do Oziel, sorte minha.

Alvarus entendeu tudo quando me viu de olhos arregalados, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Uma história inacreditável, mas verdadeira. Falei um pouco sobre o meu amigo de infância de Cabo Frio, que por um assustador acaso da vida achou a prancha dele largada na estrada e mudou o rumo da minha vida. Como o irmão, Oziel acabou seguindo pelo caminho errado. Morreu assassinado pouco depois de ter me vendido a prancha. Tenho certeza de que ele teria gostado de conhecer o Alvarus. E talvez até se tornasse um bom surfista. Para sempre.

Nota: Alvarus fez a ilustração acima antes de saber da incrível coincidência.

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Wildcards que roubaram a festa

22.5.08

Depois das homenagens, do carro aberto, da festa e de toda a merecida repercussão, aí vai a última nota sobre a vitória do Bruninho Santos no Taiti (pelo menos até a próxima vitória...).

Pesquisa do amigo Gustavo Cabral Vaz, autor do imprescindível blog de banco de dados chamado Surfe Catarinense (que não se resume às estatísticas daquele estado) revela que Bruninho é o quinto wildcard não local do pico a vencer um evento na história do WCT. Curioso é que dois deles são brasileiros: Ricardo Tatuí, que venceu na França em 1994 como alternate; e Neco, com a vitória em Huntington Beach em 1999, depois de ganhar a vaga com um terceiro nas triagens (os dois primeiros eram top 45).

Os outros convidados a vencer longe de casa foram Kelly Slater - mais uma marca histórica para o megacampeão - ao passear pelo Taiti em 2000, quando vivia um ano sabático, e (lembrança do colega Renato Alexandrino, do blog Radicais do Globo) Joel Parkinson, que ainda moleque, em 1999, venceu em Jeffrey's Bay, África do Sul.

Entre os wildcards locais, foram quatro vitória, segundo o Surfe Catarinense: Johnny Boy em Pipeline (1997), Mick Fanning em Bell's (2001), Myles Padaca em Sunset (2001) e Jamie O'brien em Pipeline (2004).

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A carta que saiu do tubo

17.5.08


Um quadro para a posteridade: Bruninho no Taiti. Foto: ASP Rowland

Bruninho mandou um e-mail ao Surfe Deluxe contando a trajetória até o título. Entre outras coisas, afirmou que a prancha do Mick Fanning, que quase o atrapalhou na segunda fase, não foi deixada na sua frente de propósito. E disse que Mineiro é, hoje, o brasileiro mais completo.

"Fala, Tulio... tá uma correria só aqui, mas vamos lá. Tô amarradão.

A bateria contra o Fanning foi bem difícil, primeiro porque ele é o atual campeão; segundo, porque eu tava há 15 dias sem surfar. Por isso, eu fiquei bem nervoso e cometi varios erros. Caí em algumas ondas que eu não costumo cair mas, no final, deu tudo certo. Uma coisa importante: eu tenho certeza que, na última onda, a prancha dele ficou na minha frente sem querer. Ele tinha acabado de cair na onda da frente. Foi isso. O mais importante é que no fim deu tudo certo.

Já a bateria contra o Taj foi bem mais tranqüila. Troquei de prancha. Peguei uma um pouco maior, com a qual eu já tinha surfado duas baterias em outras fases. Então, entrei bem tranqüilo, peguei todas as ondas boas da bateria e passei com uma certa facilidade. Foi legal para ganhar confiança.

No último dia, eu só estava com uma 6,3, era a única prancha que não tinha quebrado. Aí, acabei correndo no último dia com uma 5,9 que eu peguei emprestado de um cara que eu tinha acabado de conhecer (um jornalista israelense responsável pela transmissão em hebraico do evento no site da ASP). Com ela, acabei correndo todas as baterias do último dia.

O Mineiro evoluiu muito. Na minha opinião, ele é atualmente o brasileiro mais completo. Arrebentou durante o campeonato, assim como o Léo e o Heitor. Os dois, mesmo sem avançar muito no campeonato, surfaram algumas das melhores ondas.

Sobre o tamanho do mar, com certeza eu teria preferido ondas maiores, como as das triagens. A vitória seria um pouco mais gratificantes, mas mesmo assim eu tô muito feliz, até porque eu competi em mais baterias que todo mundo.

Valeu, abração"

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A conta do campeão

Abaixo, os somatórios do nosso homem-tubo, Bruninho Santos, nas 12 baterias até o título:



TRIAGENS


2 11.73 Williams Heiarii PYF White
1 11.83 Bruno Santos BRA Yellow
4 6.33 Jamie Sterling HAW Blue
3 8.56 Wakita Takayushi JPN

Red 1 15.40 Bruno Santos BRA
White 2 15.10 Williams Heiarii PYF


Red 1 18.47 Bruno Santos BRA
White 2 11.17 Stephane Koehne USA

Red 1 18.87 Bruno Santos BRA
White 2 17.76 Damien Wills AUS

Red 1 18.50 Jamie OBrien HAW
White 2 17.43 Bruno Santos BRA

EVENTO PRINCIPAL

Red 1 14.50 Taj Burrow AUS
White 2 12.73 Tom Whitaker AUS
Black 3 6.70 Bruno Santos BRA


Red 2 9.17 Mick Fanning AUS
White 1 10.00 Bruno Santos BRA


Red 2 13.00 Taj Burrow AUS
White 1 17.60 Bruno Santos BRA


Red 1 15.34 Bruno Santos BRA
White 2 3.70 Tim Reyes USA

Red 1 9.83 Bruno Santos BRA
White 2 9.07 Adriano de Souza BRA

Red 1 14.34 Bruno Santos BRA
White 2 8.67 CJ Hobgood USA

Red 2 6.83 Manoa Drollet PYF
White 1 9.16 Bruno Santos BRA

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Opinião: os 12 trabalhos de Bruno

15.5.08

Em todos os tamanhos de Teahupoo, o pequeno Bruno é um gigante. Foto: ASP Kirstin


A aposta do blog vingou: deu Bruninho Santos na cabeça em Teahupoo. O pequeno garoto prodígio entrou na água 12 vezes, entre as triagens e o evento principal, para carimbar definitivamente seu nome no caderno dos melhores surfistas de tubo do mundo da atualidade. O título lhe dá um prestígio inédito entre brasileiros no tour: o de surfista que realmente intimida campeões mundiais nas melhores ondas do planeta.

Tava pequeno? Nenhum gringo escaldado vai levantar a voz para dizer que ele só ganhou porque, no último dia de prova, Teahupoo assustava tanto quanto Ipanema. Todos sabem que Bruninho é ainda melhor em massas d'água pesadas. Já tinha provado o talento nas bombas da triagem. Pela enésima vez.

Bruninho perdeu quando era possível perder - na final das triagens, para Jamie O'brien, e na primeira bateria do main event, quando ainda pegava o pé do tubo, depois de alguns dias de molho por conta de uma contusão.

Somou placares baixos quando seus adversários fraquejaram ainda mais: em sua primeira bateria das triagens, contra Williams Heiiarii, Jamie Sterling e Wakita Takayushi; na repescagem do evento principal, contra Mick Fanning; nas quartas, contra Mineiro; e na inesquecível final, contra Manoa Drollet.

Agora, o mais importante: alcançou somatórios superiores a 14 pontos em oito das 12 baterias que disputou - deste universo, em quatro oportunidades fez mais de 17 pontos. A intenção não é humilhar, mas a comparação é pertinente: o colega compatriota Jihad Khodr somou (isso mesmo, somou) 3,16 na primeira fase e 5,53 na respescagem, quando foi eliminado. A diferença mostra a importância das horas gastas por Bruninho na busca obsessiva do treino em tubos e, ao mesmo tempo, a necessidade preemente de Jihad, que é bom surfista em outras ondas, treinar em cenários semelhantes aos que vai encontrar no WCT. Treinar muito.

Bruninho emplacou duas notas 10. Talvez pudesse ter alcançado mais scores perfeitos se fosse um americano ou australiano com título mundial na bagagem, mas isso definitivamente é do jogo. A diferença do campeão não foram os tubos de nota máxima, e sim a espantosa quantidade de ondas superiores a 8,5 nas mais variadas condições de mar. Bruno parece ter aprendido que a regularidade faz parte do show. E é o melhor remédio contra eventuais equívocos dos juízes.

Léo Neves mostrou o seu já conhecido poder com uma nota 10, apesar da eliminação para Bruce Irons. Heitor Alves surpreendeu no primeiro ano de Taiti com um 9,77. Tiago Pires, outro estreante, também cravou um 10. E Bruninho, abençoado pela regularidade, venceu mesmo sem figurar na lista dos autores das dez maiores notas e dos dez maiores somatórios da etapa.

Adriano Mineirinho merece mais que uma nota. É, com sobras, o melhor surfista brasileiro no tour. Perdeu para Bruninho numa bateria sem vencedores. Assim como o rival, ele parece ter assimilado a importância da regularidade nas notas altas. A grande virada, contudo, Mineiro deu quando reconheceu suas deficiências em ondas exigentes como as do Taiti. Correu atrás e, este ano, mostrou uma absurda evolução. Sua posição na prancha - de costas para a onda e com a mão na borda - parece ter encaixado definitivamente. Acelerou e atrasou quando foi preciso, sempre com bastante precisão e suavidade. Seus novos truques talvez ainda não sejam considerados uma prova definitiva de avanço porque as maiores bombas de Teahupoo - as que assustam mesmo - não despontaram no horizonte. Mas, é certo, servem como um precioso indicativo.

Não falei de Slater, nem é preciso. Ele não parecia interessado no evento.

Tive um especial interesse de ver a tal bateria dos dez futuros títulos mundiais: Jordy Smith x Dane Reynolds. O CT é mesmo muito difícil para estreantes, né Jordy? O sul-africano mostrou menos intimidade com o Taiti que supostos especialistas em beach break, como Heitor Alves, e expôs ao mundo sua primeira deficiência real: o posicionamento em tubos para a direita, pelo menos em competições. Em vídeos promocionais, não adianta mostrar serviço. Dane apresentou, ao menos nesta bateria, o contrário: entubou com jeito, fez ótima escolha de ondas e mostrou disposição para subverter padrões, ao tirar um tubo para a direita na bancada de Teahupoo. Meteu o sul-africano em combinação, sem piedade: 18 a 12.

Os deuses de Teahupoo só acordaram quando viram o americano dropar a segunda para a direita. Mandaram-lhe um enorme buquê com 12 ondas da série na cabeça, bem na parte mais rasa da bancada, na zona de impacto. Água na canela. Dane vai pensar duas vezes no próximo braço para a direita que pintar naquelas águas.
Só para finalizar com uma do Bruninho: o garoto surfou as últimas baterias com uma prancha emprestada pelo jornalista israelense encarregado de transmitir o evento em hebraico. Os foguetes do Joca costumam ajudá-lo, mas ontem ele ganharia com uma tábua de passar roupa.

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River raid de prancha

Da série "como são boas as ondas brasileiras": um dia de surfe no Rio St. Laurance, em Montreal, no auge do inverno. Não tem crowd. É o pico para quem não se importa com frio, brinca na correnteza e joga "river raid" com placas de gelo.

Phil no pódio

11.5.08

Foi por pouco. O brasileiro Phil Rajzman ficou em terceiro lugar na primeira etapa do WLT (World Longboard Tour), realizada em Anglet, na França. Perdeu apenas para o campeão da etapa, o australiano Harley Ingleby. Abaixo, o primeiro comentário do brasileiro sobre o evento.

"Não há um campeão definido em 2008. Vai rolar mais uma etapa, em novembro, na Califórnia, onde pretendo defender nosso título mundial em 2007. A condições do evento estavam boas, com meio metro de onda. Chegamos às oitavas, com seis brasileiros; nas quartas, ficamos com três; e, na semi, apenas comigo. Perdi para o campeão da etapa, que estava muito fluido desde o início do evento, mostrando radicalidade e classe nas ondas."

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O fim da Rockinha (com "k" mesmo)

9.5.08

Última do leitor Ricardo Ferreira: Rockinha acabou. O pico, espécie de camping em Rocky Point (Havaí), que tinha opções de hospedagem até dentro de container, foi fechado porque o dono, um havaiano-índio chamado Maui Loa, teria dívidas de imposto com o governo local. Rockinha tinha preços módicos de hospedagem - coisa de US$ 200 por mês - se comparados ao resto do North Shore. Por isso, tinha muito brasileiro lá. O nome da hospedagem, dado pelos eternos brazilian nuts, era uma contração do nome da praia com o da nossa maior favela.

Ricardo Conta ainda que a terra foi comprada por uma havaiana de meia idade. A companhia contratada por ela já limpou praticamente todo o terreno. Teria sobrado apenas a enorme estátua de um índio de madeira, que virou símbolo do local, referência para se encontrar o lugar.

Rockinha já chegou a receber 50 pessoas por mês. Leia o relato do Ricardo.

"É com muito pesar que informo que a favela que tinha em Rocky Point, a Rockinha, acabou! Lugar preferido dos brasileiros que chegavam ao Havaí com grana curta, Rockinha hospedou muita gente. Você podia ficar dentro do container, que segundo informações era muito confortável. Tinha a opção debaixo da árvore, mais fresco, ou no meio do matagal com a rataria...
Um chuveiro e um banheiro era o suficiente para todo mundo. Pra que mais que isso? Com pressa? Vai na praia. O fato é que os moradores do North Shore reclamavam muito quando iam à praia de manhã: viam merda espalhada em tudo quanto é lugar. Mas, pela bagatela de US$ 200, você podia ficar o mês inteiro na Rockinha."

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O mar está para fish

Carlos Burle resolveu juntar surfistas, empresários, artistas e jornalistas ligados ao surfe num super evento old style. Para estimular as linhas clássicas e redondas dentro d'água, todos os 32 convidados terão que entrar na água com pranchas fish. A competição será em duplas, sempre com um surfista experiente e um convidado especial. O evento - coisa rara - também será family friendly, com uma atividades dedicadas especialmente às crianças.

O Mitsubishi Fish Classic está marcado para os dias 24 e 25 de maio, na Barra da Tijuca (entre o Golden Green e o Posto BR). Surfe Deluxe vai estar lá.

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Diário do Bruninho no Taiti (I)

5.5.08



Bruninho passeando nas triagens com a 6'3 mágica. Foto: Steve Robertson/ASP Images

Bruninho Santos é a aposta brasileira do WCT do Taiti. Surfe Deluxe vai tentar manter contato com o nosso homem-tubo durante a competição para publicar, sempre que der, seu diário nas ondas mais pesadas do circuito mundial. Abaixo, o primeiro report do Bruninho:
"Em relação ao ferimento, tá tudo na boa. Eu me machuquei na perna no começo da semifinal das triagens e corri mais da metade da semi e a final toda com o machucado aberto. Só depois do final da bateria é que eu recebi o atendimento. Tomei uns 15 pontos, portanto a perna vai estar perfeita para o dia da competição. Eu poderia até surfar hoje, só estou evitando porque o mar está pequeno e, se eu entrar na água pode inflamar. De resto, minha perna já está ok.

O quiver é que está meio desfalcado. Vim para cá com várias pranchas animais, com um quiver que o Joca fez especialmente para cá, todas muito boas. Só que como eu cheguei um pouco antes da triagem, quebrei quase todas... Para as triagens, tava com uma 6'1 e uma 6'3, muito boas. Acabei competindo toda a triagem com a 6'3. Mágica. Para o caso de eu quebrar essas, o Trekinho vai deixar duas pranchas dele comigo - uma 6'5 e uma 6'2.

As Jocas que eu usei aqui foram as melhores pranchas que eu já usei na vida neste tipo de onda. Na véspera da competição, quebrei uma 6'7 que também estava muito boa. Com essa prancha, surfei na remada num dia que o pessoal estava fazendo tow in.

Tô bem tranquilo em relação ao WCT. Já participei de outras etapas e competi em algumas baterias contra meus dois primeiros adversários (Taj Burrow e Tom Whitaker) em ondas como Pipeline e no Chile e me saí bem. Mas não estou muito interessado contra quem eu vou surfar, só quero pegar o maior número de tubos possível e chegar o mais longe que eu puder na competição."

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O despertar da Laje do Sheraton

4.5.08




Domingo passado, o amigo Alexandre Amaral, contador e bom surfista amador do Leblon, registrou algumas imagens da mítica Laje do Sheraton, que quebra esporadicamente. Nem todos os surfistas se jogam naquele pico, porque a melhor onda quebra muito quadrada, num fundo raso de pedra. Foi lá que Rodrigo Resende surfou uma das maiores ondas registradas até hoje no Brasil, na era anterior aos prêmios para as maiores ondas registradas.
Dois videos no You Tube, ambos produzidos pelo primo bodyboarder e produtor musical Márcio Tapajós traduzem o espírito da laje: é só buscar por "perrenge do Beto" e Stephan Figueiredo, na Laje do Sheraton". Vale conferir.

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Surfe Deluxe
Blog de notícias sobre as ondas e seus personagens, escrito com palavras salgadas pelo jornalista Tulio Brandão.
Participe!
Surfe Deluxe divide a onda. O blog é aberto à participação dos leitores, com textos e fotos. Quem tiver história ou imagem, mande para surfedeluxe@gmail.com
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Foto de fundo: Saquarema, por Fábio Minduim / Layout: Babi Veloso
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