Surfe deluxe

Caymmi e o mar

24.8.08

As ondas do tempo levaram o inesquecível Caymmi (1914-2008), mas deixaram a sua obra. Quem ama o mundo da água salgada não pode passar a vida na areia sem ouvir "Caymmi e o mar" (1957). É como escutar o som das conchas.

Quem vem pra beira do mar
(Dorival Caymmi)

Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar, ai
Quem vem pra beira do mar, ai
Nunca mais quer voltar

Andei por andar, andei
E todo caminho deu no mar
Andei pelo mar, andei
Nas águas de Dona Janaína

A onda do mar leva
A onda do mar traz
Quem vem pra beira da praia, meu bem
Não volta nunca mais

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Havaí e Taiti, por Rafael Oliveira

16.8.08

O vídeo, apresentado no You Tube como o portfólio do water cameraman Rafael Oliveira, mostra imagens espetaculares em câmera lenta de Pipeline e Teahupoo. É uma aula e tanto para quem quer entender esses picos. Detalhe para a expressão de satisfação do Slater enquanto remava para o outside no Taiti. A dica, como sempre, foi do Fredinho Schmidt

Flashback: palavras de Gerry Lopez

15.8.08


O Surfe Deluxe publicou dias atrás o post de um anúncio em meia página na editoria de Economia da Folha de São Paulo, em que a imagem vencedora de Gerry Lopez numa montanha d'água de Jaws era usada para vender o relógio suíço Omega (Leia aqui o post).


Mas nenhuma análise dos possíveis significados do Mr. Pipeline ocupando uma página dedicada a leitores de economia de um dos maiores jornais do país seria completa sem o próprio havaiano. Então, o Surfe Deluxe foi atrás do homem e, viva, Lopez prestigiou o blog.

Pelas palavras do mito, não há mais volta: o surfe já é parte do mainstream. Ele espera que a popularidade desse esporte continue crescendo, apesar de reconhecer a saturação dos picos.

Diante da tensão crescente, acredita estar surgindo uma "nova experiência de surfe", talvez pior que a de seus contemporâneos, mas ainda assim atraente. E decreta: ou os velhos surfistas desistem ou se adaptam às mudanças.

Quanto ao anúncio de meia página na Folha, Mr. Pipeline sai do tubo seco: "As grandes companhias já vêem o surfe como algo saudável e muito popular. Elas usam e vão continuar usando a imagem do esporte para promover seus produtos."

Abaixo, a íntegra da resposta do surfista:
"Surfistas iam pegar onda porque isso era diferente, os tornava diferentes. Representava mais a liberdade, se comparado a outros espores. A identidade do surfe é única, o surfe sempre esteve fora do mainstream, sempre teve o seu próprio caminho. No entanto, pelo fato de ser tão atraente para o praticante, cresceu tanto em popularidade que se tornou parte do mainstream no mundo moderno.

Hoje, todo mundo conhece os atrativos do surfe, todos sabem como o esporte é fantástico. Talvez alguns surfistas tenham esperança de que o esporte alcance o mesmo status de outros esportes, como golfe e tênis, mas a maioria preferiria mantê-lo num patamar menos popular.

Eu espero que o surfe continue a crescer em popularidade, mas o efeito disso são picos "overcrowded", que levam o surfista a experiências tensas, e diluem a experiência do esporte. No entanto, não é preciso muito para fazer um surfista ficar amarradão... uma boa virada, um cutback ou, especialmente, um tubo.

A experiência do surfe, portanto, é relativa. Os jovens surfistas vão se adaptar melhor porque crescerão dentro da nova experiência do surfe. Os surfistas mais velhos, que reclamam que o esporte está mudando - e não para melhor - vão desistir ou se adaptar às mudanças.
As grandes companhias já estão vendo o surfe como algo saudável e muito popular. Elas usam e vão continuar usando a imagem desse esporte como um veículo para promover seus produtos."

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Imperdível

Flashback: cias aéreas 1 x 0 surfista

O surfe perdeu a primeira batalha contra as companhias aéreas na guerra contra a taxa de pranchas. A Associação Brasileira de Surfe Profissional (Abrap) denunciou a irregularidade da cobrança ao Ministério Público estadual. O documento foi entregue ao promotor Rodrigo Terra, que decidiu desmembrá-lo por companhias.

Dos cinco inquéritos distribuídos a colegas, quatro já foram indeferidos.Prevaleceu, nos despachos, o argumento que o pedido dos surfistas não tem "relevância social". Em outras palavras, o MP não acredita que a classe de surfistas seja suficientemente representativa para ganhar a defesa de uma promotoria pública.

Segue trecho de um dos despachos que indeferiu o pedido, assinado pela promotora Sabrina Carvalhal Vieira, da 2a. Promotoria de Tutela Coletiva:"No caso em apreço, contudo, não se verifica a relevância social dos direitos em jogo. Não bastasse a quantidade de passageiros que embaram pranchas de surfe em aviões ser mínima diante da população e da própria coletividade que se utiliza deste meio de transporte, a associação que formulou a representação goza de legitimidade para, como substituta processual, defender os direitos dos interessados, sem necessidade de ação do MP (...)"

O advogado da Abrasp, Rocco Maranhão, explicou que a intenção inicial da entidade era um acordo com a companhia, mediado pelo Ministério Público, chamado de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). O promotor Carlos Andrezano é o único, no MP estadual, que ainda não arquivou a denúncia. Segundo Rodrigo Terra, Andrezano teria mandado intimar companhias aéreas a dar explicações sobre a cobrança. Ainda não houve resposta. A Abrasp também denunciou as companhias ao MP federal, que ainda não se manifestou.

Maranhão diz que a Abrasp não entrou com uma ação civil pública porque teme perder, e, com isso, ser condenada a gastar um dinheiro que não tem. Mas, viva a democracia, entidade não é a única nessa história. Há outros defensores do direito dos surfistas, como o advogado Paulo Renato Lima de Magalhães Pinto, do Rio Grande do Sul. Pelas declarações em recente matéria da Fluir, ele parece ter elementos suficientes para brigar na Justiça contra a companhia aérea.

É hora de o surfe unir esforços pelo justo direito de surftrips sem taxas abusivas.

Matérias relacionadas:
- A taxa de prancha e a lei
- Pranchas sem asas

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Flashback: a sobra do surfe

6.8.08

O surfe sempre se vendeu como um esporte ambientalmente limpo, apesar da montanha de resíduos químicos gerados na produção de seus equipamentos. Diante da febre eco friendly do mundo, o mercado se vê numa encruzilhada entre tecnologias menos agressivas à natureza - mais caras e algumas vezes ainda sem resultados satisfatórios - e as velhas, sujas e já consagradas técnicas de produção.


A maior carga de poluentes ainda vem da fabricação de pranchas. Segundo o shaper Joca Secco, da Wet Works, são gastos, por prancha, pelo método convencional mais antigo, em média, 2 quilos de fibra, 3,5 quilos de poriuletano e 4 quilos de resina. Dos 9,5 quilos utilizados, ficam no equipamento apenas pouco mais de 2,5 quilos. Ou seja, cerca de 73% de perda. Esse volume, em números absolutos, é enorme. Em matéria no último guia de pranchas da Fluir, Ricardo Macário nos conta que a Association Clean Shaper estima que 600 mil pranchas sejam produzidas anualmente no mundo com esse método.


Conta feita, o surfe joga no meio ambiente, por ano, 4,2 mil toneladas de produtos altamente tóxicos. Isso sem contabilizar as pranchas usadas, que depois de um tempo também são descartadas. Nesse mar de resíduos químicos, começam a surgir bons exemplos.


A Wet Works de Joca, uma das mais bem estruturadas fábricas do Brasil, reduziu assustadoramente a perda de resina ao utilizar um sistema de secagem de pranchas através de raios ultra-violeta (UV). "No processo convencional, se utiliza quatro quilos de resina para o aproveitamento de menos de um quilo. Com a tecnologia UV, conseguimos reduzir drasticamente o desperdício desse produto e ter uma perda de, no máximo, 10% do material. Além disso, estamos cadastrados na coleta especial de resíduos da Comlurb. Eles levam tudo", explicou Joca.


É um primeiro passo de um longo caminho ainda a percorrer. As fábricas de prancha brasileiras, de um modo geral, ainda resistem às exigências estabelecidas na legislação ambiental, muito por falta de condições financeiras e um pouco pelo sucateamento dos órgãos fiscalizadores. Nos EUA, essa queda de braço com o braço verde do estado já gerou prejuízos ao surfe. A gigante Clark Foam fechou as portas em 2005 quando detinha 60% do mercado mundial de poliuretano. O motivo? Inadequação à legislação ambiental dos EUA.


Ainda não se sabe o que, de fato, é ação em busca da sustentabilidade e o que é puro marketing. A Magma Surf Wax, da California, acaba de lançar uma ecoparafina. Anunciam que a produção tem soluções "environmentally friendly" e que usam tecnologia para gerar consistentes tabletes com perdas mínimas. Em outras palavras, sobra pouco para o meio ambiente.

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Fora d'água por um mês - flashbacks

5.8.08

O Surfe Deluxe vai tirar férias até o início de setembro, por excesso de trabalho do escriba que vos fala em outras praias. Durante o recesso forçado, o blog republica alguns dos posts escritos nos primeiros meses de vida na rede. As histórias terão o selo "Flashback". Divirta-se.

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Blog de notícias sobre as ondas e seus personagens, escrito com palavras salgadas pelo jornalista Tulio Brandão.
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