Surfe deluxe

Inventário do surfista brasileiro

16.4.08

O Surfe Deluxe publica os melhores comentários dos jurados na eleição do surfista ideal (veja aqui os eleitos). Teve gente apostando na nova geração, gente bancando apenas um atleta e ainda gente que duvida de um surfista ideal mesmo se fosse possível reunir numa só figura as melhores qualidades de cada brasileiro. Abaixo, a opinião dos jurados:

O shaper Joca Secco, sobre os problemas do surfista brasileiro:
"Temos muitos talentos sem incentivo da mídia especializada nacional, que só sabe ver os defeitos e só fazem críticas não construtivas. Além disso, o mercado está formatado para somente valorizar o surfista de fora, já que as marcas são todas estrangeiras e não têm o menor interesse em valorizar a imagem do surfista brasileiro. Para terminar, os juízes brasileiros no tour também estão comprometidos com o sistema..."

Sérgio Lindenmann, organizador do WQS do Rio, sobre as perspectivas de um título do WCT
"Não acredito que o Brasil tenha um campeão mundial nos próximos dez anos. O investimento nas categorias de base é muito mal feito pelos dirigentes e patrocinadores. O SuperSurf é bem estruturado mas nivelado por baixo, já que os atletas do WCT não podem participar."

O big rider Rodrigo Resende, sobre o surfista brasileiro ideal
"Acho que é o Raoni. Só falta se concentrar um pouco, pois tem surfe para ser campeão mundial fácil."

Alceu Toledo Júnior, editor do site Waves, sobre o surfista brasileiro ideal
"Adriano Mineirinho tem chance de ser campeão do mundo em alguns anos, por que não? Afinal, o cara é campeão mundial sub-20 como o Andy Irons, que também levou alguns anos para deslanchar no WCT."

Rodrigo Schmidt, surfista e sócio de um escritório de design que trabalha para o Woohoo.
"Tivemos um surfista brasileiro ideal nos anos 80: Picuruta Salazar. Só que ele não teve apoio do mercado. Aliás, nem atualmente temos."

O surfista Marcelo Trekinho, sobre o surfista ideal:
"Não acho que há um brasileiro em 2008 com chances de ser campeão, apesar de achar que o Heitor Alves tem surfe para isso, assim como o Mineirinho, Raoni. Acho que falta apoio do mercado internacional. A imagem do surfista brasileiro não vende na Austrália e nos Estados Unidos como a imagem do Bruce Irons, por exemplo, vende no Brasil. Nós não somos ídolos lá fora como o Bruce é aqui no país. E olha que o havaiano não é campeão do mundo ou top 5. Para termos um campeão mundial do Brasil, o cara tem que ter a mãe ou o pai americano, correr os circuitos de base lá fora e se dar bem até virar profissional. Ter patrocinadores lá fora, ser anunciado lá fora. Isso facilitaria muito."

O jornalista Eduardo Chalita, sobre a nova geração e sobre o Mineirinho:
"No momento, não há nenhum brasileiro que chegue perto de ser um futuro candidato ao título mundial. Não tem ninguém no nível de um Jordy Smith ou Dane Reynolds, que reúna ao mesmo tempo talento e mentalidade de vitória. Não há, ainda, nenhum garoto perto do nível de um Ry Craig ou daquele moleque de Maui, o Clay Marzo, ou até mesmo dos mais novos, como John John Florence, Colohe Andino, Koa Smith e Julian Wilson. Os brasileiros mais próximos desses caras são o Ricardinho Santos (um Bruno Santos de 17 anos), o Wiggolly Dantas (que é mestre em competição, tipo Renan Rocha) e o Kiron Jabour (querido e campeão de várias divisões no Havaí e nos EUA). Só que o Kiron compete pelo Havaí. Se souberem auxiliar o Petersinho pode ser que ele chegue neste nível também. Esses garotos podem se transformar em surfistas de alto nível."

"Posso apostar que o Mineirinho vá velhorar e dê uma dura mais forte no circuito, mas parece que campeão ele não será. Posso queimar a minha língua, aliás até espero por isso, mas, por enquanto, essa análise é a mais próxima do provável."

Felipe Zobaran, ex-diretor da Fluir e atual diretor do Núcleo Masculino da Editora Abril
"Não, não há brasileiro que possa almejar o título mundial. Teremos que esperar outra geração. Mais: mesmo selecionando o melhor de cada brasileiro, juntando tudo num cara hipotético, não daria para derrotar Fanning, Slater, Parkinson, Burrow e Andy Irons."

Maxime Perelmuter, surfista e empresário, sobre as dificuldades do WCT
"Não consegui pensar em alguém para votar em ondas pesadas porque acho que isso não é só `go for it'. É chegar em Tavarua ou em Haleiwa e dar na orelha. E não me lembro de um brasileiro fazendo isso, não no nível exigido pelo WCT. Todos vimos o esforço que o Mick Fanning, que é brilhante, teve que fazer para ser campeão mundial. É difícil para caramba!"

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