Surfe deluxe

"Tsunami" à brasileira

20.2.08

Semana passada, a Praia do Cassino, no litoral gaúcho, foi tomada por lama. O fenômeno, ocorrido depois de uma forte chuva no Sul, fez com que o mar recuasse 100 metros em relação à maré média. Surfistas ficaram presos na lodo e tiveram que ser resgatados com cordas (veja aqui vídeo do G1).

Fredinho Schmidt, amigo do blog cuja família tem casa no Cassino, lembra de fenômeno semelhante em 2000. "Dejetos e uma lama muito grossa saíram da Lagoa dos Patos em direção a alto mar, por meio do Canal da Barra. Com o movimento da maré, o lodo foi para a Praia do Cassino. O fundo ficou plano e com muito lodo. Foi nessa época que as ondas pararam de quebrar lá... Ao menos durante o verão. Ouvi relatos de surfistas que foram surfar no inverno, depois da história do lodo, ficaram presos no lodo e foram salvos por correntes humanas. Bodyboarders ajudaram no resgate aos surfistas como uma corda. Situação bastante tensa. Ultimamente, as ondas na praia do Cassino só tem rolado no inverno, com uma grande ressaca do quadrante Sul. O verão é ideal para a galera do kitesurfe", explicou.

O relato de Fredinho - não é novidade - foi o mais completo sobre o tema. Semana passada, o oceanógrafo Kléber Silva, em informação veiculada no site G1, explicou que tratava-se de um fenômeno natural, que também poderia ser causado pelo desmatamento. Não sei se por falha da reportagem ou do especialista, a declaração publicada gerou mais dúvidas que respostas nos leitores. O que acontece é que, em áreas de margem de rios e lagoas desmatadas, o carreamento de sedimentos para a água é maior. A lama escorre com facilidade quando não há mata ciliar.

Fora o lodo pega-surfista, a Praia do Cassino, maior em extensão do mundo, com 240 quilômetros de ponta a ponta, tem outro fenômeno assustador: uma misteriosa onda, relatada pelos antigos como uma espécie de tsunami. Rodrigo Schmidt, irmão mais velho de Fredinho, lembra de uma história contada pela sua avó: "Ela tem 94 anos e ainda está super lúcida, graças a Deus. Sempre nos contou a história de uma onda, quando ela era bem nova, que veio espumando desde muito além da arrebentação e que, ao chegar à praia, varou a faixa de areia, onde hoje ficam carros e banhistas, causando o caos. A água subiu até as dunas, cerca de 200 metros", disse o designer, que tira tubos nas horas vagas.

A gaúcha Roberta Martins, que coincidentemente também é designer, contou história semelhante em seu blog de viagem (leia aqui): "(A Praia do Cassino) tem tsunamis pequenos, tempestades de areia, e o clima pode mudar tão rápido que é muito provável que carros atolem ou sejam inundados se ficarem sozinhos e de repente o clima mudar. Quando isso acontece vira um caos, são poucos minutos entre perceber uma nuvem preta se aproximando, juntar as coisas e entrar no engarrafamento. Nunca presenciei uma tsunami, mas muitos contam já terem visto uma onda gigante se formar e quebrar na praia destruindo muitas coisas. Certa vez foi notícia que uma onda gigante invadiu mais de cinco quarteirões do balneário, sendo que a distância entre o mar e o início das casas é considerável", contou.

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