13.12.07
Sunny Garcia seria um personagem interessante do mundo do surfe se ficasse apenas com os títulos de havaiano, durão e ex-campeão mundial. Mas, coisas da vida, ele despontou num esporte cuja entidade máxima é quase sempre negligente nas punições, omissa e, por vezes, conivente com ilegalidades. Longe das competições, teve espaço de sobra no crowd para aplicar suas táticas impunemente, sempre respaldado pelos ultrapassados códigos de localismo.
Nesta semana, a vítima foi Neco Padaratz. O brasileiro foi perseguido diante das câmeras por Sunny. Não foi o primeiro problema de comportamento do havaiano. Sunny acabou de pegar três meses de cadeia mais seis de prisão domiciliar por sonegação de impostos. Num rápido esforço de memória, é fácil lembrar de outros. Em 2001, durante o último dia do WCT carioca, realizado no Arpoador, deu uma pranchada num fotógrafo da Fluir. A punição da ASP: uma multinha inexpressiva. Dois anos atrás, envolveu-se numa briga com um garoto brasileiro nas Mentawai. O paulista pegava onda na dele quando foi importunado pelos amigos do havaiano. Fugindo à regra, o garoto não correu da raia. Então, Sunny tomou as dores do amigo e, com sua gangue, tentou juntar o brasileiro. A agressividade chega aos amigos: já deu um soco na cara de um amigo havaiano na frente das câmeras, em pleno reality show. E, numa final que contava com Pigmeu em Haleiwa, intimidou covardemente o brasileiro dentro d'água.
Não seria exagero dizer que Sunny é, hoje, um problema para o surfe. Já fez muito pelo esporte, mas agora cobra com juros a dívida. Já a ASP, quanto mais releva agressões, mais se enrola. Sunny já deveria ter sido punido exemplarmente e, em caso de reincidência, até banido do esporte. Não foi. Agora, mesmo depois da agressão ao Neco, o havaiano ainda sonha com um convite da entidade para correr o WCT em 2008. Em vez da punição, sente-se no direito de reivindicar o prêmio.
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