21.11.07

Folha de São Paulo, seção Dinheiro, página B3, sexta passada. No alto, matéria sobre o afastamento do economista Gervásio Rezende do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Da dobra para baixo, em meia página, um surfista e uma onda: Gerry Lopez, Jaws.
Mr. Pipeline, aos 59, é garoto-propaganda da gigante suíça Omega, que dita a hora no pulso dos ricos e na maior parte dos eventos esportivos do mundo. Os ponteiros do tempo parecem não fazer efeito em Lopez. Desde as coroas nos Pipe Masters 72 e 73, ele avançou e levou junto o seu esporte original. Hoje, prefere descansar com a família na neve de Oregon, brincando de snowboard com o filho mas, quando vai ao Havaí, ainda mostra ao mundo como atravessar tubos com classe. E aproveita para ganhar os dividendos das ondas.
O anúncio de meia página numa seção dedicada a números, estatísticas e economistas da Folha revela que a imagem do surfe está definitivamente dissociada dos velhos estigmas. O surfista é apresentado como herói bem-sucedido em páginas lidas por velhos defensores do mainstream. Falta saber o que você prefere: eventos e atletas milionários ou a manutenção do surfe como expressão viva da contracultura.
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